Professor Gildásio fala sobre Economia Solidária para camponeses e caponesas

Por Leandra Silva

No dia 12 de maio deste ano, o Professor de Economia Gildásio Santana Júnior da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, participou do Encontro Microrregional da Articulação no Semiárido Brasileiro – ASA para falar sobre Economia Solidária para camponeses e camponesas do sudoeste da Bahia.
O Encontro foi realizado pelo Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia – CEDASB com o objetivo de monitorar e avaliar suas ações na microrregião, bem como debater e propor ações de intervenção e mobilização social para o desenvolvimento sustentável da região com base na agroecologia e na convivência com o semiárido.
Estavam presentes no evento mais de 60 camponeses e camponesas dos municípios de Anagé, Brumado, Belo Campo, Bom Jesus da Serra, Cândido Sales, Caraíbas, Caetanos, Encruzilhada, Guanambi, Jequié, Livramento de Nossa Senhora, Manoel Vitorino, Mirante, Poções, Planalto, Tremedal, Vitória da Conquista.
O Professor Gildásio trabalhou com a temática Economia Solidária: outra economia acontece, abordando os fatos históricos que levaram a uma reflexão sobre a relação entre a política, a economia e o social. Abordou ainda a conjuntura econômica e política do mundo nos dias atuais levantando alguns aspectos da crise econômica e financeira, das disparidades sociais, do esgotamento dos recursos naturais pela superexploração, entre outros.
Diante dessas abordagens, algumas questões foram postas: Como coadunar crescimento e recursos naturais finitos? Como criar empregos sem e com crescimento? Como enfrentar essa situação?
Para o Professor, dois grandes caminhos estão postos e tais caminhos (ou soluções de respostas) se baseiam em duas grandes concepções de desenvolvimento: a via insercional-competitiva e a via sustentável-solidária.
A via isercional-compertitiva tem como principal objetivo inserir as pessoas no sistema econômico dominante. Trata-se de uma solução ou saída individual e se baseia na ética da competição e na valorização do que vem de fora e no desprezo das possibilidades locais.
A via sustetável-solidária baseia-se na ética da cooperação e valorização das possibilidades locais com ênfase nos territórios, pois as saídas não devem ser individuais. Essa via tende a organizar um novo modelo de desenvolvimento a partir da reorganização das economias locais e do estímulo a constituição de redes locais de economia solidária.
A proposta de organização de redes locais de economia solidária significa a associação ou articulação de vários empreendimentos e/ou iniciativas de economia solidária com vistas a constituição de um circuito próprio de relações econômicas e intercâmbio de experiências e saberes formativos. A organização das comunidades em redes se apresenta enquanto estratégia importante de desenvolvimento para as comunidades camponesas. Além disso, a necessidade da autogestão e da busca da eficiência e viabilidade econômica se faz importante para o fortalecimento dos empreendimentos de economia solidária. Para o Professor Gildásio, é importante a necessidade de que as organizações sociais se apoiem em três pilares de sustentação: a reciprocidade (vínculos sociais - donativos), o fundo público (projetos e editais) e o mercado (comercialização do excedente).
Nesses termos, a economia solidária se define enquanto “práticas socioeconômicas coletivas (de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito), centradas no ser humano, em que a solidariedade e a reciprocidade se colocam como elementos definidores do agir econômico, em contraste com o individualismo e a competitividade, características do padrão de comportamento tradicional nas sociedades capitalistas” (SANTANA JÚNIOR, 2010).
Ainda segundo o Professor, a expressão economia solidária retoma uma disputa em torno do significado da economia na sociedade. Assim, a economia deixaria de ser pura, como querem os neoclássicos ou neoliberais, e passaria a ser balizada pela solidariedade, de modo análogo àquele como Smith, Ricardo e Marx balizaram-na pela política.
Discutir economia solidária com camponeses e camponesas é a possibilidade de traçar caminhos que levem para a autonomia econômica de comunidades, para o fortalecimento dos empreendimentos de economia solidária já existentes, bem como de incentivo para a criação de redes locais vivas de economia solidária e para o fortalecimento do potencial de cada território.

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