Oficina analisa o impacto das cisternas na vida das mulheres

Com o objetivo de discutir e analisar o impacto causado pelas cisternas, na vida das famílias, especialmente das mulheres, os programas de Água e Segurança Alimentar e Gênero do Movimento de Organização Comunitária (MOC) realizaram no dia 29 de julho na comunidade rural de Cajazeiras, município de Conceição do Coité a Oficina sobre o Impacto das Cisternas.

A atividade reuniu cerca de 15 mulheres que foram beneficiadas pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e que trocaram experiências e contaram um pouco das suas histórias, comparando as suas vidas antes e após o recebimento das cisternas.

Para discutir as relações sociais de gênero e as desigualdades a cerca da situação da mulher, e iniciar do debate com as participantes, foi apresentado o vídeo Vida Maria; que exibiu um pouco do cotidiano na zona rural e os papéis exercidos pela mulher dento desse contexto.

Diante da exibição do vídeo, elas identificaram alguns pontos em comum, especialmente sobre a divisão das atividades domésticas, a falta de oportunidade de estudar e o papel da mulher em cuidar da casa, dos filhos e buscar água para abastecer a casa.

Apanhando a água- A atividade de buscar água, para realizar os afazeres domésticos, foi e continua sendo até hoje exercida pelas mulheres. Mesmo com a chegada das cisternas, permanece o papel da mulher em providenciar a água para lavar, cozinhar, beber, tomar banho e molhar as plantas.

Para Dona Maria de Fátima Ferreira Anunciação, esta situação é evidente até hoje, porque a educação recebida quando ainda era criança, era para as meninas ajudarem as mães no trabalho com a casa, e os filhos homens, ajudarem os pais na lida com a roça. Uma divisão de papéis que continua, mas que de certa forma, melhorou com a chegada das cisternas.

Ela relata, como era difícil a vida antes de receber a cisterna. Acordava cedinho para buscar a água da fonte e andava muitos quilômetros, com baldes, potes e latas para buscar água de qualidade para consumir. Às vezes, ia até mais de uma vez por dia, também a tarde, porque a água apanhada não era suficiente e era preciso um pouco mais,para abastecer a casa. Para Dona Maria de Fátima, hoje com a cisterna, a vida mudou e está muito melhor. É possível ter água de qualidade pertinho e ao lado da casa, e hoje já sobra tempo para se dedicar melhor a outras coisas. “Hoje tenho tempo para cuidar melhor da horta, da casa, e até assistir televisão.”, completa.

Maria Gilvaneide Sacramento lembra junto com Dona Maria de Fátima, como realmente, os tempos eram difíceis antes de receber a cisterna. Ela passava pelas mesmas dificuldades, e se recorda também das aventuras e das conversas que tinha com as vizinhas de casa até a fonte. Buscar água era uma atividade difícil e também perigosa. Segundo Maria Gilvaneide, as mulheres sempre iam para a fonte juntas, combinavam de se encontrar e iam sempre em grupo. No caminho, tinham que passar por baixo das cercas, correr dos bois nos pastos e até se esconder, pois alguns fazendeiros colocavam até mesmo tocaia, para que as mulheres não apanhassem água dos reservatórios. “A gente tinha que correr dos bichos, das tocaias, e inclusive acabava quebrando os potes e perdia toda a água”, afirma.

Mudança de vida- A chegada das cisternas e a mudança de vida é vista no rosto e no sorriso de cada uma das mulheres. Elas contam felizes sobre as melhorias que conseguiram com a água de qualidade e como hoje estão mais interessadas em participar dos cursos sobre manejo da água da cisterna. Estão mais conscientes sobra a importância da água, a higiene e as formas de utilização e aproveitamento.

Elas valorizam a cisterna e a água, refletem sobre todas as melhorias, os projetos sociais que chegam à comunidade e estão mais participativas e articuladas.Algumas fazem parte do Coletivo de Mulheres, e também participam dos empreendimentos econômicos solidários que vão surgindo na comunidade. Afirmam que não pretendem parar de sonhar com mais melhorias, mas percebem que se estiverem juntas podem dar o passo inicial para muitas outras conquistas.


Fonte: Movimento de Organização Comunitária - MOC

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