Brasil supera a Espanha como 8ª maior economia do mundo

O Brasil desbancou a Espanha e se tornou a oitava maior economia do mundo, segundo dados do Produto Interno Bruto (PIB) copilados pela Bloomberg News e citados pelo jornal espanhol Expansión.

O periódico cita cifras oficiais sobre o PIB nominal dos dois países, relacionando os dados obtidos em 12 meses até o segundo trimestre de 2010

O PIB nominal do Brasil atingiu US$ 1,8 trilhão, enquanto o da Espanha ficou em US$ 1,5 trilhão no período em análise.

De acordo com o periódico, a economia espanhola, que estava em sétimo lugar em 2007, caiu para a nona posição no ano até junho.

O jornal espanhol relata ainda que o Brasil, cujo principal destino das exportações é a China (13% do volume total de comércio), apenas sofreu durante o período da crise (2008-2009) por dois trimestres de crescimentos negativos.

"Em seguida, o real começou a recuar até um terço do seu valor no final de 2008, o que incentivou as exportações, tornando os produtos brasileiros mais atrativos no mercado internacional", diz a reportagem.

No segundo trimestre de 2009, o Brasil já registrava crescimento de 1,1% em relação aos três meses anteriores e, de acordo com o Banco Central do Brasil, o PIB poderá crescer em 7% e 11% em 2010 e 2011, respectivamente.

O jornal espanhol ainda destaca o consumo interno brasileiro, e cita que programas governamentais, assim como o Bolsa Família, incentivaram o consumo por parte da classe média, evitando que o país sofresse ainda mais com os efeitos da crise internacional.

Enquanto isso, a Espanha sofria ao mesmo tempo com a redução do consumo e com a desaceleração do crescimento da economia.

Espera
O Expansión lembra que é necessário esperar até dezembro para que o Brasil seja confirmado como a oitava maior economia do mundo.

No entanto, o periódico lembra que a China, principal destino das exportações brasileiras, já conseguiu superar o Japão e se tornar a segunda maior economia do mundo, conforme dados parciais vistos neste ano.

De acordo com a Agência Internacional de Energia, o gigante asiático já supera o consumo energético americano, quando em 2000 consumia apenas a metade.
 
Matéria publicada originalmente em: Brasil Econômico

A desindustrialização brasileira em debate

Uma das questões mais instigantes no debate econômico brasileiro refere-se à existência ou não de um processo de redução da participação relativa da indústria na economia. Essa suposta desindustrialização estaria sendo causada pela valorização do câmbio em momentos como o que se seguiu ao Plano Real e, chegando aos dias de hoje, o período iniciado com a superação das crises macroeconômicas do início desta década (a partir de 2002). O segundo elemento da suposta ameaça ao setor industrial brasileiro é o avanço da China nos mercados globais de manufaturas, impulsionado pelos baixos salários e pela política de manutenção do yuan em nível muito desvalorizado.

Essa discussão não é simples. Mesmo sob a ótica dos que advogam a tese da desindustrialização, há o reconhecimento de que não existe nenhum processo avassalador desse tipo em curso, mas, apenas, indícios a partir da experiência histórica de mais longo prazo. É sabido também que a produção industrial brasileira tem apresentado desempenho bastante satisfatório, acompanhando as oscilações do PIB, e demonstra muito vigor em fases, como a atual, de recuperação da atividade econômica. Por conta disso, há, do outro lado deste debate, aqueles que não acreditam em “ameaças” significativas ao setor industrial.

Histórico
Quando se olham os dados de mais longo prazo nota-se, grosso modo, que a parcela da produção da Indústria de Transformação no PIB brasileiro saiu de 20%, em 1947, para um pico de 36%, em 1985, quando medida a preços correntes. A partir daí, com várias oscilações, caiu para algo em torno de 16% do PIB, em 2008. Como se vê, uma primeira imagem que se tem é de perda de participação da indústria.

Um exame mais detalhado dessa trajetória, porém, mostrará que grandes quedas da fatia do produto industrial no produto, como em 1990 e 1995, correspondem a momentos em que houve mudanças de metodologia no cálculo do PIB. Uma correção dessas quedas sugere que foram menores do que se pensava. Além disso, em outras ocasiões, a redução de participação deveu-se à forte instabilidade experimentada pela economia brasileira entre 1994 e 2002. Como a produção industrial tende a desacelerar mais do que o PIB em recessões — e a crescer mais em recuperações —, períodos caracterizados por predominância de crises macroeconômicas implicam redução do peso da indústria na atividade econômica agregada. E há ainda a abertura comercial de 1990 a 1992, praticada em um contexto de recessão doméstica, que também parece ter provocado um impacto significativo no mesmo sentido.

A análise do emprego na Indústria de Transformação como parcela da população ocupada, porém, mostra outro resultado. Há, na verdade, um aumento relativo do emprego industrial, que passa de 12,8% do total, em 1992 (ano de recessão), para 14,4%, em 2008, tomando como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Isso é confirmado pelos resultados das Pesquisas Industriais Anuais (PIA) do IBGE: o emprego industrial reportado pelas empresas aumentou de 7,44% da população ocupada total, em 1996, para 8,35%, em 2008.

Em relação à evolução do investimento fixo, também não há evidência de desindustrialização no período mais recente. Entre 1996 e 2008, houve um forte aumento, de 14,4% para 18,5%, da participação do investimento na Indústria de Transformação na formação bruta de capital fixo total (FBCF).

De qualquer forma, como se viu acima, não há dúvida de que a indústria encolheu a partir de meados da década de 1980, relativamente aos outros setores. Quando a conta é feita a preços constantes, como parece mais correto, o processo de redução começa antes, na segunda metade dos anos 1970, e é menos agudo.

Para entender o que aconteceu com a indústria nacional, uma primeira linha de abordagem seria a de observar à evolução da participação do setor em uma ótica internacional. Dessa forma, seria possível chegar-se a um diagnóstico que levasse em conta as transformações estruturais da economia contemporânea em uma perspectiva de longo prazo.

Experiência internacional
Tomando-se um grupo de 185 países, de 1970 a 2007 (no qual, para 156 deles, existem dados para todos os anos do período), é possível compor um panorama global da participação da indústria no PIB. Um primeiro resultado que chama atenção é a queda mundial, em termos relativos, do produto industrial, que saiu de 25% do PIB mundial, em 1970, no conjunto dos países, para pouco menos de 17%, em 2007.

Na análise de 16 países semelhantes ao Brasil, nota-se que a produção industrial brasileira era particularmente alta na média do período de 1970 a 1972, atingindo 25,3% do PIB, o que é 4,9 pontos percentuais superior à média do grupo. No conjunto desses países, a média brasileira é a segunda maior em 1970/72, sendo superada apenas pela da Argentina, com 30,3%.

Acompanhando a tendência global, quase todas essas 16 economias experimentaram uma redução relativa da indústria no PIB entre o início dos anos 1970 e a média do período 2005/07. O grupo como um todo teve uma diminuição de 5,8 pontos percentuais na participação da indústria, enquanto o Brasil, que saiu de um nível mais elevado, recuou 9,6 pontos porcentuais. Em 2005/07, a média brasileira, de 15,7%, ainda estava 1,1 ponto porcentual acima da média do grupo. O que se nota, portanto, é que o Brasil parece ter sido “sobreindustrializado” no início dos anos 1970, na comparação com os seus pares, tendência que diminuiu bastante três décadas e meia depois, quando o País ficou mais próximo da norma internacional.

Com base nos dados dos 185 países, e dada à relação existente entre renda per capita e indústria, Bonelli e Pessoa (2010) indicam que uma economia com as características da brasileira teria uma parcela industrial do PIB substancialmente abaixo da que de fato existiu entre 1970 e 1975. Já no período de 2001 a 2007, a fatia industrial do Brasil estaria apenas ligeiramente acima do que prevê o exercício.

Essa análise sugere que, em todos os momentos entre 1970 e o início da década de 1990, a Indústria de Transformação manteve uma participação no PIB acima da prevista pelo exercício proposto por Bonelli e Pessoa. Em outras palavras, nesses períodos, o desvio do Brasil em relação à norma internacional foi maior do que desvios positivos semelhantes de praticamente 90% dos países da amostra. O auge dessa tendência ocorreu entre 1982 e 1987, quando apenas 5% dos países tinham desvios superiores ao apresentado pelo Brasil.

A partir de 1994, a mudança é profunda, e o Brasil se situa mais próximo à norma que caracteriza o conjunto de países. No período 1994/2000, pouco mais de 50% dos países parecem mais industrializados do que o Brasil, em relação ao que a regressão determinaria para as suas características socioeconômicas e tecnológicas. Na etapa 2001/07, pouco menos de 50% dos países têm aquela característica. Nesses dois últimos períodos, portanto, o Brasil revela-se aproximadamente no centro da amostra — isto é, o número de países que parecem mais industrializados (em relação ao nível determinado pela análise estatística) é aproximadamente igual ao dos países menos industrializados.

A se levar em conta esse estudo, portanto, a resposta à questão sobre a desindustrialização no Brasil é que, em termos relativos, ela não existe. O resultado sugere que, nos anos 1970 e 1980, provavelmente em razão do aprofundamento da política de substituição de importações, o Brasil tornou-se “sobre-industrializado” em relação ao que seria de se esperar de um país com as nossas características socioeconômicas, tecnológicas e de dotação de fatores de produção à época. E, a partir da década de 1990, houve um retorno ao que seria a “normalidade” industrial, com base em parâmetros internacionais.

Momento atual
Fica faltando, porém, detectar o que está acontecendo “na margem”, isto é, a tendência mais recente em termos de produção e competitividade industrial. E, nesse contexto, é preciso avaliar também se, num período bem mais próximo do presente, a pujança da China no comércio internacional de manufaturas não começou a se fazer sentir no desempenho da indústria brasileira.

O Brasil está entrando numa fase de déficits em conta corrente que deve perdurar por vários anos, segundo projeções de diversos analistas econômicos. Depois de fechar 2008 e 2009 com déficits de 1,72% e 1,54%, respectivamente, do PIB, o país vê a tendência acelerar-se em 2010. Assim, o déficit em conta corrente de janeiro a junho de 2010 atingiu a marca de 2,47% do PIB, aproximadamente o dobro do resultado negativo de 1,26% registrado em igual período de 2009.

Na presença de déficits externos em alta, e com a valorização do câmbio que permite o financiamento internacional desse excesso de consumo e investimento, é natural que ressurjam preocupações sobre o impacto da moeda forte no setor industrial. Assim, se até 2008 não havia evidência de desindustrialização no Brasil, será que a valorização adicional da moeda nos dois últimos anos, associada ao “efeito China”, pode ter sido a gota d’água para deslanchar aquele processo indesejável?

Quando se analisa o desempenho do comércio exterior de 2008 até hoje, verifica-se que há uma semelhança bastante forte entre a trajetória de diversas variáveis em 2010 e em 2008. Já em 2009, que absorveu o maior impacto da crise global, o desempenho tende a ser bem diferente.

Os dados apontam, porém, que, depois do ano atípico de 2009, o comércio exterior de manufaturados do Brasil não retornou, como a maior parte dos outros indicadores, ao padrão de 2008, o que é preocupante. Como se sabe, a China reagiu à crise mantendo o nível do seu câmbio nominal, tanto no momento inicial de desvalorização das moedas em geral em relação ao dólar, quanto na subsequente reapreciação. À medida que os efeitos da turbulência foram se dissipando, processo particularmente rápido no mundo emergente, as moedas desses países — e, especialmente a daqueles, como o Brasil, que se beneficiam da alta das commoditidies — valorizaram-se ante o dólar, e, consequentemente, diante do yuan.

Por outro lado, com a retração do consumo nos países ricos, cujo tecido econômico foi danificado de forma mais duradoura pela crise, a China tende naturalmente a voltar suas baterias exportadoras para países emergentes. Em alguns desses mercados, como os da América Latina, os produtos manufaturados chineses entram em competição direta com os brasileiros, que têm nos países da sua própria região alguns de seus principais clientes. Além disso, os bens industriais exportados pela China também concorrem com a produção brasileira de manufaturas para o mercado doméstico. Esses fatores estão por trás da “primarização” da pauta de exportações do Brasil, embora, aparentemente, ainda não haja “primarização” equivalente na produção doméstica.

Mesmo que seja cedo para um diagnóstico definitivo, o comportamento divergente das manufaturas no comércio exterior brasileiro no período pós-crise chama atenção, e merece estudo mais aprofundado. Seria prematuro decretar que o Brasil sofre de desindustrialização. Essa é uma preocupação antiga, e os dados, até pelo menos 2008, não a corroboram. Por outro lado, no período mais recente, e, especialmente, na saída da turbulência global, há sinais novos de possível perda de competitividade industrial. Não se trata de uma sangria desatada, e reações precipitadas — especialmente no sentido de alterar o regime macroeconômico e o cambial — seriam certamente equivocadas. Mas parece ser o momento de examinar o problema de forma mais rigorosa.

Fonte: FGV

Política Econômica Mercantilista

Por Leandra Silva

A política econômica mercantilista pode ser compreendida enquanto um conjunto de práticas e teorias econômicas adotadas pelas nações européias no período em que a Europa passava por uma aguda escassez de ouro e prata em barra, não tendo, portanto, dinheiro suficiente para atender ao volume crescente do comércio. Esse conjunto de práticas ocorreu entre os séculos XVI e XVII.


Nesse contexto, os estados nacionais de característica protecionista se associaram a classe burguesa com o objetivo de fortalecer seu poder político, enquanto a classe burguesa buscava fortalecer suas atividades comerciais. Essa experiência de longo prazo contribuiu significativamente para a acumulação primitiva de capitais (dinheiro, máquinas, bens de consumo e construção).


Os principais objetivos da política econômica mercantilista era a busca pelo desenvolvimento da indústria, o crescimento do comércio e a expansão do poderio naval.


Alguns fatores foram significativos para a construção das práticas mercantilistas:

• Distensão das obrigações feudais;

• Apropriação dos meios de produção artesanal;

• Ampliação do trabalho assalariado;

• Formação de um mercado mundial;

• Disputa de mercados;


Além desses fatores, as práticas mercantilistas exigiam um tipo de economia dinâmica com atuação em diferentes campos da produção manufatureira. Sem essa característica, a economia nacional estaria à mercê de outra nação. O efeito disso seria relações de dependência econômica. Nesse sentido, cada país procurava exportar o máximo e importar o mínimo para obter uma balaça comercial favorável.

Pesquisa credita transformação social no Semiárido à ASA

Estudo da UFPE ratifica ação da Articulação como propulsora do desenvolvimento sustentável na região.

Mais uma pesquisa, desta vez realizada pela Universidade Federal de Pernambuco, ratifica a importância do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) como catalisador das mudanças sociais, políticas, econômicas e ambientais que vêm mudando a face do Semiárido brasileiro - de um lugar inóspito para outro que oferece vida digna aos seus habitantes.

Intitulada “Transições paradigmáticas: do combate à seca à convivência com o Semiárido nordestino”, a tese de mestrado escrita pelo geógrafo Emílio Tarlis Pontes será lançada em livro pela Editora Universitária. “Foi considerada como uma pesquisa de grande relevância para a área de estudo”, comenta o autor, acrescentando que a obra ainda não tem data definida para seu lançamento.

A área estudada para avaliar o impacto das cisternas foi a zona rural de Afogados da Ingazeira, município localizado no Sertão do Pajeú, em Pernambuco, onde foi desenvolvido o P1MC desde a sua fase piloto. Lá, 900 cisternas foram construídas, dotando 40% dos domicílios rurais de um reservatório de água potável para consumo humano.

O autor observa que “a principal mudança constatada [com a disseminação das cisternas] foi o rompimento dos velhos hábitos de favorecimento pessoal como vínculo de dominação no Semiárido nordestino”. E conclui: “O P1MC é um programa com grande eficiência em sua concepção e, assim sendo, é possível galgar novos projetos através da organização popular, nas diversas entidades aptas a mobilização, propondo e reivindicando ações públicas correspondentes aos interesses reais dos moradores e do Semiárido.”

No estudo, as cisternas de placas que captam e armazenam água de chuva com a finalidade de abastecimento humano são analisadas sob duas perspectivas: da eficácia do equipamento em si mesmo, incluindo a adequabilidade, a durabilidade e a capacidade de satisfação de necessidades; e do seu significado, enquanto expressão da possibilidade de convivência.

“Em relação à primeira perspectiva, a cisterna é uma obra de construção civil que deve ser avaliada, medida e comparada em sua eficácia com outras estratégias e tecnologias da engenharia hidráulica. Na segunda perspectiva, a cisterna transmuta-se em cultura de convivência, simbolizando a construção de novos sentidos e significados do Semiárido”, descreve o professor e estudioso do Semiárido, Roberto Marinho da Silva, no prefácio do livro.

Segundo Luciano Silveira, coordenador executivo da ASA, nos últimos anos, o meio acadêmico – universidades e instituições de pesquisa – vem orientando um número crescente de estudos voltados para analisar os impactos e o significado do movimento social desencadeado pela ação de ASA por todo o Semiárido.

“A aproximação do meio acadêmico cumpre função decisiva, na medida em que sistematiza e evidencia os impactos sociais, econômicos e ambientas das ações promovidas pela ASA. E assim contribui para a sedimentação de novas bases para o desenvolvimento que estão assentadas na valorização da capacidade criativa e sócio-organizativa das famílias agricultoras sertanejas e na construção de um novo paradigma cientifico referenciados na agroecologia para a convivência com o Semiárido”, ressalta o coordenador da ASA.

Para o autor da pesquisa Emílio Tarlis Pontes, a experiência foi tão promissora que ele iniciou o doutorado para analisar o segundo programa da ASA, o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), também no Sertão do Pajeú, sob a mesma perspectiva da quebra do paradigma do combate à seca.

Fone:ASACom

SELEÇÃO PARA BOLSISTAS DE MONITORIA

O Departamento de Ciências Sociais Aplicadas – DCSA abriu inscrições para Seleção Pública para Monitor de Ensino no período compreendido entre os dias 18 a 21 de agosto de 2010 para as disciplinas: Economia Política I, Estatística Econômica, Introdução a Econometria, Introdução a Economia e Teoria Microeconômica . Será oferecida 01 (uma) vaga por disciplina e o valor mensal da bolsa é de R$ 200,00 (duzentos reais).

Para mais informações acesse: UESB/EDITAIS

Economia Solidária em debate

“Economia Solidária e sua interface com o mundo do trabalho” é o título da palestra promovida no próximo dia 26 de agosto pelo Laboratório de História Social do Trabalho (Lhist). O encontro será realizado às 17h30, no salão do Júri, localizado no 2º andar do Módulo II de salas de aula.

A palestra será proferida pelo professor Gildásio Santana Júnior, do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA) da Uesb. Toda a comunidade acadêmica pode participar do evento.

Programação da IX Semana de Economia


Programação de 23 a 27 de agosto de 2010 


Dia 23 de Agosto

Palestra 1: Transformações do Setor de Serviços na cidade de Vitória da Conquista, com o palestrante César Zolim, superintendente do Shopping Conquista Sul;

Palestra 2: Influências do Varejo Local na Economia da cidade de Vitória da Conquista, palestrante Marcos Alberto de Oliveira das Virgens, presidente da CDL de Vitória da Conquista;

Local: Teatro Glauber Rocha – UESB

Horário: das 19h às 22h30.

Dia 24 de Agosto

Ciclo de Debate sobre Pensamento Econômico: Gênese, Atualidade e Interdisciplinaridade.

Local: Auditório do Módulo Antônio Luiz Santos (Luizão).

Horário: das 19h às 22h30.

Dia 25 de Agosto

Palestra 3: Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional, Gustavo Casseb Pessoti, Diretor de Estatística da SEI.

Local: Teatro Glauber Rocha – UESB

Horário: das 19h às 22h30.

Dia 26 de Agosto

Palestra 4: Crédito e Investimento na Região de Vitória da Conquista, palestrantes representantes do Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Local: Teatro Glauber Rocha – UESB

Horário: das 19h às 22h30.

Dia 27 de Agosto

Palestra 5: Perspectivas da Indústria Regional, palestrantes representantes da SUDIC e AINVIC.

IX Semana de Economia da UESB

A IX Semana de Economia da UESB será realizada entre os dias 23 e 27 de agosto. Sob a coordenação dos professores Marco Antônio Araújo e Josias Alves o evento terá como objetivo ampliar discussões e abrir espaços para uma busca maior pelo conhecimento econômico.

13 de agosto dia do/a Economista

Geralmente quando se fala em economista, vem logo a idéia de que é o profissional responsável por compreender de que forma as sociedades usam seus recursos materiais e humanos, com vistas a produzir e distribuir bens e serviços e que atua, basicamente, em duas áreas: na macro e na microeconomia.

A área de atuação de um economista vai alem da macro e da microeconomia, abrange a indústria, comércio, bancos, corretoras, empresas de consultoria, universidades, setor público, dentre outras. O Economista estuda as relações econômicas entre os diversos setores sociais, e propõe as políticas econômica, cambial e financeira dos governos. Desenvolve planos para a solução de problemas financeiros, econômicos e administrativos em qualquer ramo da atividade humana, seja na agricultura, no comércio, na indústria e no setor de serviços. Atua tanto em empresas privadas quanto em institutos e órgãos públicos, municipais, estaduais e federais.

Se você pensa que para fazer tudo isso o economista precisa apenas de números, está muito enganado. Além dos dados numéricos e estatísticas que fundamentam seu trabalho, o bom profissional dessa área deve ter conhecimentos de história, sociologia e política. O curso de Ciências Econômicas exige muita leitura e pesquisa. Portanto, é importante reforçar a idéia de que a economia é uma ciência humana, acima de tudo.

Parabéns a tod@s economistas!!!

Significado do símbolo de Economia

Como operar a transição do velho para o novo paradigma

Por Leonardo Boff*

Damos por já realizada a demolição crítica do sistema de consumo e de produção capitalista com a cultura materialista que o acompanha. Ou o superamos historicamente ou porá em grande risco a espécie humana.

A solução para a crise não pode vir do próprio sistema que a provocou. Como dizia Einstein:"o pensamento que criou o problema não pode ser o mesmo que o solucionará". Somos obrigados a pensar diferente se quisermos ter futuro para nós e para a biosfera. Por mais que se agravem as crises, como na zona do Euro, a voracidade especulativa não arrefece.

O dramático de nossa situação reside no fato de que não possuimos nenhuma alternativa suficientemente vigororosa e elaborada que venha substituir o atual sistema. Nem por isso, devemos desistir do sonho de um outro mundo possível e necessário. A sensação que vivenciamos foi bem expressa pelo pensador italiano Antônio Gramsci:"o velho resiste em morrer e o novo não consegue nascer".

Mas por todas as partes no mundo há uma vasta semeadura de alternativas, de estilos novos de convivência, de formas diferentes de produção e de consumo. Projetam-se sonhos de outro tipo de geosociedade, mobilizando muitos grupos e movimentos, com a esperança de que algo de novo poderá eclodir no bojo do velho sistema em erosão. Esse movimento mundial ganha visibilidade nos Fórums Sociais Mundiais e recentemente na Cúpula dos Povos pelos direitos da Mãe Terra, realizada em abril de 2010 em Conchabamba na Bolivia.

A história não é linear. Ela se faz por rupturas provocadas pela acumulação de energias, de idéias e de projetos que num dado momento introduzem uma ruptura e então o novo irrompe com vigor a ponto de ganhar a hegemonia sobre todas as outras forças. Instaura-se então outro tempo e começa nova história.

Enquanto isso não ocorrer, temos que ser realistas. Por um lado, devemos buscar alternativas para não ficarmos reféns do velho sistema e, por outro, somos obrigados a estar dentro dele, continuar a produzir, não obstante as constradições, para atender as demandas humanas. Caso contrário, não evitaríamos um colapso coletivo com efeitos dramáticos.

Devemos, portanto, andar sobre as duas pernas: uma no chão do velho sistema e a outra no novo chão, dando ênfase a este último. O grande desafio é como processar a transição entre um sistema consumista que estressa a natureza e sacrifica as pessoas e um sistema de sustentação de toda vida em harmonia com a Mãe Terra, com respeito aos limites de cada ecossistema e com uma distribuição equitativa dos bens naturais e industriais que tivermos produzido. Trocando idéias em Cochabamba com o conhecido sociólogo belga François Houtart, um dos bons observadores das atuais transformações, convergimos nestes pontos para a transição do velho para o novo.

Nossos paises do Sul devem em primeiro lugar, lutar, ainda dentro do sistema vigente, por normas ecológicas e regulações que preservem o mais possível os bens e os serviços naturais ou trate sua utilização de forma socialmente responsável.

Em segundo lugar, que os paises do grande Sul, especialmente o Brasil, não sejam reduzidos a meros exportadores de matérias primas, mas que incorporem tecnologias que dêem valor agregado a seus produtos, criem inovações tecnologias e orientem a economia para o mercado interno.

Em terceiro lugar, que exijam dos paises importadores que poluam o menos possível e que contribuam financeiramente para a preservação e regeneração ecológica dos bens naturais que importam.

Em quarto lugar, que cobrem uma legislação ambiental internacional mais rigorosa para aqueles que menos respeitam os preceitos de uma produção ecologicamente sustentável, socialmente justa, aqueles que relaxam na adaptação e na mitigação dos efeitos do aquecimento global e que introduzem medidas protecionistas em suas economias.

O mais importante de tudo, no entanto, é formar uma coalizão de forças a partir de governos, instituições, igrejas, centros de pesquisa e pensamento, movimentos sociais, ONGs e todo tipo de pessoas ao redor de valores e princípios coletivamente partilhados, bem expressos na Carta da Terra, na Declaração dos Direitos da Mãe Terra ou na Declaração Universal do Bem Comum da Terra e da Humanidade (texto básico do incipiente projeto da reinvenção da ONU) e no Bem Viver das culturas originárias das Américas.

Destes valores e principios se espera a criação de instituições globais e, quem sabe, se organize a governança planetária que tenha como propósito preservar a integridade e vitalidade da Mãe Terra, garantir as condições do sistema-vida, erradicar a fome, as doenças letais e forjar as condições para uma paz duradoura entre os povos e com a Mãe Terra.



ASA/BA contesta matéria do Jornal A Tarde

Em virtude das notícias veiculadas no Jornal A Tarde, edição desta terça-feira (03 de agosto de 2010), a Articulação no Semiárido Brasileiro-BA (ASA/BA), vem a público esclarecer que:

O Jornal A Tarde, edição da última terça-feira, 03/08/2010 publicou uma matéria sob o título “Governo Wagner repassa R$ 307 milhões para ONGS e fundações sem licitação.” No decorrer da reportagem menciona-se amplamente convênios celebrados entre o Governo do Estado e o Centro de Assessoria do Assuruá (CAA) e o Movimento de Organização Comunitária (MOC), entidades estas ligadas a ASA/BA. Portanto, a matéria atinge, mesmo que de forma não deliberada, este coletivo que vem a público manifestar-se a respeito da mesma.

Nesta oportunidade, a ASA/BA vem ressaltar algumas questões e debates que, por motivações políticas, sempre ficaram fora da grande mídia:

- O Semiárido Brasileiro sempre ficou à margem das políticas de desenvolvimento do país, sendo amplamente divulgada pelos meios de comunicação a imagem de miséria desta região. Como conseqüência dessa postura política e midiática, nossa região sofre com uma grande demanda por ações concretas para o seu desenvolvimento com sustentabilidade. Ainda há milhares de pessoas com fome, sem acesso à água, sujeitas a doenças causadas pela insegurança alimentar, pela escassez ou falta d’água de qualidade.

- O descaso com o semiárido é descaso com o seu povo, principalmente o/a agricultor/a familiar que sempre ficaram à margem das políticas públicas, sobrando para estes migalhas em ações assistencialistas que não resolvem os problemas do homem e da mulher do campo. As mulheres são as principais vítimas deste descaso, pois são elas as grandes responsáveis para manter a casa abastecida com água, sendo histórica a busca de água com a “lata d’água na cabeça”. Sem falar na violência doméstica que as mesmas sempre sofreram, e este debate é minimizado na grande mídia.

- Em contrapartida a este desleixo por parte da grande mídia e de muitos governantes, a Articulação no Semiárido Brasileiro vem pautando os Governos, tanto Federal como Estadual com políticas sérias na linha de convivência com o Semiárido, fugindo da lógica dos grandes projetos de combate à seca. Essa pauta nunca foi de subserviência, mas sempre com postura crítica diante dos Governos, seja ele Federal ou Estadual; seja nesta gestão ou em gestões passadas e, claro, manteremos esta postura em gestões futuras, independente de agremiação política, pois somos um fórum apartidário e respeitamos as pessoas acima de tudo, principalmente as mais esquecidas pela mídia e pelos governantes.

- Sobre a matéria, é importante ressaltar que houve uma tentativa muito pequena por parte da reportagem de ouvir tanto o CAA quanto o MOC, sendo feitas poucas ligações aos celulares dos respectivos representantes das instituições. As assessorias de imprensa destas instituições em nenhum momento foram contatadas. Sendo assim, publicada uma matéria sem as devidas averiguações das fontes.

- A matéria não busca diferenciar as ONG’s (Organizações Não Governamentais), colocando-as em pé de igualdade, como se todas as organizações fossem desonestas, deslegitimando as ações da Sociedade Civil, que na história deste país sempre se posicionou para construir um país mais decente, participativo e honesto, princípios básicos de uma Nação democrática.

- A matéria também desconhece o processo de negociação coletiva que houve entre o Estado e a ASA/BA, onde todas as entidades ligadas a esta sempre pautaram o governo de forma clara e transparente, sendo seus projetos analisados criteriosa e rigidamente pelos órgãos do governo (Secretarias, PGE). As entidades prezam por uma gestão de não discriminação, com participação coletiva em suas respectivas áreas de atuação, tendo envolvimento de Igrejas, Sindicatos, Associações, Movimentos Sociais e toda a sociedade civil organizada.

- A matéria ainda passa informações equivocadas quando diz que “Falta Fiscalização”. Ressaltamos que todos os convênios feitos com entidades ligadas a ASA são fiscalizados seriamente pelas Auditorias do Estado, e também da União, quando convênios feitos com recursos do Governo Federal. As entidades respeitam e prezam as legislações vigentes no país para todas as suas esferas de ação.

- Outra questão importante que a matéria ainda desconhece a verdade é quando cita aparelhamento dessas organizações por parte do Estado. Em nenhum convênio feito com entidades ligadas a ASA/BA foram exigidas contrapartidas político partidária, até porque a ASA/BA jamais aceitaria, pois este tipo de ação fere os seus princípios constantes em sua Carta de Princípios que se encontra no sítio: www.asabrasil.org.br para consulta pública.

- Por fim, a ASA/BA vem a público manifestar o seu repúdio com relação à referida matéria por esta tratar de forma leviana as Entidades, cujo trabalho não é citado na matéria, que vem fazendo pelo Semiárido Brasileiro o que em 500 anos de história os Governantes fizeram questão de fechar os olhos. Entidades estas que vem mostrando com um olhar diferente a nossa região e apontando para suas potencialidades, ao contrário do que sempre foi mostrada pela grande mídia. Enfim, fazendo justiça a este povo que sempre viveu às margens das políticas públicas.

- Neste contexto, as entidades se colocam a inteira disposição para ulteriores explicações que se julgarem necessárias, bem como convidamos o Jornal A Tarde para conhecer in loco as ações desenvolvidas pela ASA e suas entidades parceiras, e pisar o chão deste novo olhar sobre o Semiárido que estamos construindo.

Aguardamos, no mínimo, uma retratação pública.

Bahia, Brasil – 04 de agosto de 2010.

Pela Coordenação Estadual Ampliada da ASA/BA:
Agnaldo Rocha Santos
Cleusa Alves da Silva
Climério Vale da Silva
José da Rocha Couqueiro
Otilia Balio Fava

Oficina analisa o impacto das cisternas na vida das mulheres

Com o objetivo de discutir e analisar o impacto causado pelas cisternas, na vida das famílias, especialmente das mulheres, os programas de Água e Segurança Alimentar e Gênero do Movimento de Organização Comunitária (MOC) realizaram no dia 29 de julho na comunidade rural de Cajazeiras, município de Conceição do Coité a Oficina sobre o Impacto das Cisternas.

A atividade reuniu cerca de 15 mulheres que foram beneficiadas pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e que trocaram experiências e contaram um pouco das suas histórias, comparando as suas vidas antes e após o recebimento das cisternas.

Para discutir as relações sociais de gênero e as desigualdades a cerca da situação da mulher, e iniciar do debate com as participantes, foi apresentado o vídeo Vida Maria; que exibiu um pouco do cotidiano na zona rural e os papéis exercidos pela mulher dento desse contexto.

Diante da exibição do vídeo, elas identificaram alguns pontos em comum, especialmente sobre a divisão das atividades domésticas, a falta de oportunidade de estudar e o papel da mulher em cuidar da casa, dos filhos e buscar água para abastecer a casa.

Apanhando a água- A atividade de buscar água, para realizar os afazeres domésticos, foi e continua sendo até hoje exercida pelas mulheres. Mesmo com a chegada das cisternas, permanece o papel da mulher em providenciar a água para lavar, cozinhar, beber, tomar banho e molhar as plantas.

Para Dona Maria de Fátima Ferreira Anunciação, esta situação é evidente até hoje, porque a educação recebida quando ainda era criança, era para as meninas ajudarem as mães no trabalho com a casa, e os filhos homens, ajudarem os pais na lida com a roça. Uma divisão de papéis que continua, mas que de certa forma, melhorou com a chegada das cisternas.

Ela relata, como era difícil a vida antes de receber a cisterna. Acordava cedinho para buscar a água da fonte e andava muitos quilômetros, com baldes, potes e latas para buscar água de qualidade para consumir. Às vezes, ia até mais de uma vez por dia, também a tarde, porque a água apanhada não era suficiente e era preciso um pouco mais,para abastecer a casa. Para Dona Maria de Fátima, hoje com a cisterna, a vida mudou e está muito melhor. É possível ter água de qualidade pertinho e ao lado da casa, e hoje já sobra tempo para se dedicar melhor a outras coisas. “Hoje tenho tempo para cuidar melhor da horta, da casa, e até assistir televisão.”, completa.

Maria Gilvaneide Sacramento lembra junto com Dona Maria de Fátima, como realmente, os tempos eram difíceis antes de receber a cisterna. Ela passava pelas mesmas dificuldades, e se recorda também das aventuras e das conversas que tinha com as vizinhas de casa até a fonte. Buscar água era uma atividade difícil e também perigosa. Segundo Maria Gilvaneide, as mulheres sempre iam para a fonte juntas, combinavam de se encontrar e iam sempre em grupo. No caminho, tinham que passar por baixo das cercas, correr dos bois nos pastos e até se esconder, pois alguns fazendeiros colocavam até mesmo tocaia, para que as mulheres não apanhassem água dos reservatórios. “A gente tinha que correr dos bichos, das tocaias, e inclusive acabava quebrando os potes e perdia toda a água”, afirma.

Mudança de vida- A chegada das cisternas e a mudança de vida é vista no rosto e no sorriso de cada uma das mulheres. Elas contam felizes sobre as melhorias que conseguiram com a água de qualidade e como hoje estão mais interessadas em participar dos cursos sobre manejo da água da cisterna. Estão mais conscientes sobra a importância da água, a higiene e as formas de utilização e aproveitamento.

Elas valorizam a cisterna e a água, refletem sobre todas as melhorias, os projetos sociais que chegam à comunidade e estão mais participativas e articuladas.Algumas fazem parte do Coletivo de Mulheres, e também participam dos empreendimentos econômicos solidários que vão surgindo na comunidade. Afirmam que não pretendem parar de sonhar com mais melhorias, mas percebem que se estiverem juntas podem dar o passo inicial para muitas outras conquistas.


Fonte: Movimento de Organização Comunitária - MOC