Por Paulo Daniel*
Na América Latina e Caribe ocorreu uma rápida recuperação do emprego em 2010, entretanto, é necessário enfrentar o desafio de melhorar as condições de trabalho de milhões de trabalhadores
Um dos termômetros de quão bem ou mal vai uma determinada economia é o nível de emprego e desemprego. Na América Latina e Caribe ocorreu uma rápida recuperação do emprego em 2010 até alcançar o patamar anterior à crise, entretanto, é necessário enfrentar o desafio de melhorar as condições de trabalho de milhões de trabalhadores.
A diminuição do desemprego é uma excelente notícia e demonstra a capacidade que os países tiveram em lidar com a crise e com rápida recuperação de suas economias.
Estimativas da OIT com base nos dados mais recentes compilados na região, indicam que a taxa de desemprego urbano na América Latina e no Caribe chegará a 7,4% no final de 2010, em comparação a 8,1% em 2009, que foi o ano de maior impacto da crise, é praticamente no mesmo nível que os 7,3% em 2008.
Por que essa reação tão rápida? Por uma razão muito simples; as políticas anticrise adotadas pelos países contribuiram para que o impacto no mercado de trabalho fosse moderado na região, ou seja, aumento do gasto público, principalmente no que diz respeito ao investimento e aumento do volume de crédito.
Ainda avaliando dados da OIT, observa-se que redução do desemprego urbano favoreceu por igual a homens e mulheres, estas últimas ainda enfrentam uma lacuna na questão de gênero que se reflete numa taxa de desemprego 40% mais alta.
Também se destacou que a taxa de desemprego juvenil urbano diminuiu de 17,4% a 16,3% em um grupo de sete países para os quais há dados disponíveis. Esse percentual é ainda mais que o dobro da taxa de desemprego total e cerca de três vezes a dos adultos.
Além disso, os dados disponíveis em cinco países para o segundo semestre de 2010 mostram um aumento do emprego no setor formal de 4,6%. No entanto, a ocupação no setor formal das empresas aumentou a um ritmo de 7,2%.
E no Brasil como estamos? Evidentemente ocorreu aumento significativo do emprego em todas as regiões do país, mas ainda não estamos em “pleno emprego” e muito menos próximos a “taxa natural” de desemprego.
Conceitualmente, em termos mais globais, pleno emprego significa o grau máximo de utilização dos recursos produtivos (materiais e humanos) de uma economia.
Numa economia dinâmica é muito difícil que ocorra a eliminação total do desemprego, pois: 1) há atividades — como a agricultura — que não ocupam continuamente a mesma força de trabalho (desemprego sazonal); 2) é necessário certo tempo para que as pessoas troquem de emprego (é o chamado desemprego friccional); 3) além disso, certas pessoas podem optar por viver desempregadas.
Por essa razão, considera-se haver uma situação de pleno emprego quando não mais que 3% a 4% da força de trabalho está desempregada.
No que diz respeito aos salários, tivemos um bom desempenho com aumentos salariais reais de 3,4% em 2008 e 3,3% em 2009. Os bons resultados estão relacionados ao fato de que os efeitos da crise econômica internacional foram muito breves e também ao aumento significativo do salário mínimo no país durante o período 2008-2009, cujo patamar incide diretamente em um de cada seis trabalhadores assalariados.
Por fim, é importante destacar, enquanto que em países altamente industrializados há uma redução do nível de salário real e, por sua vez, estabilidade ou crescimento da taxa de desemprego; no Brasil e na América Latina há aumento da renda e do emprego, aí está uma das justificativas do crescimento econômico da região, neste sentido, não será nenhuma novidade se tivermos o melhor natal da década.
* Matéria publicada originalmente em Além de economia
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