PNAD aponta crescimento na renda do trabalhador apesar da crise

Por Leandra Silva*

A Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílios (PNAD) de 2009 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou dados que apontam crescimento na renda dos trabalhadores apesar da crise financeira de 2008 que teve sua origem nos Estados Unidos e que, rapidamente se espalhou pelo resto do mundo se transformando em uma crise global e provocando, entre outros fenômenos, o aumento do contingente de desempregados.

É importante ter em mente as limitações dos dados sobre renda apresentados aqui, uma vez que o questionário utilizado pela PNAD procura captar tanto os rendimentos em dinheiro como os pagamentos em espécie, mas não considera o valor da produção para autoconsumo, que pode ser um componente importante da renda real de pequenos agricultores, por exemplo.

A pesquisa apontou um aumento na renda média mensal do trabalhador de 2,2% de 2008 a 2009, somando R$ 1.106,00 no ano passado. A renda pesquisada abrange todos os ganhos gerados por trabalhos realizados por pessoas com idade a partir dos dez anos.

Ainda segundo a Pesquisa, a renda média do trabalhador vem apresentado crescimento anual desde 2004. De 2004 a 2009 o aumento acumulado da renda atingiu a soma de 20%. O aumento apresentado de 2008 a 2009 é maior do que o apresentado em 2007 e 2008 que foi de 1,7%, mais baixo do que o apurado nos anos de 2006 a 2007 que atingiu a marca de 3,1% e de 2005 e 2006 que foi de 7,2%.

Esse aumento, segundo o IBGE, foi impulsionado por uma melhora na qualidade do emprego, com crescimento na quantidade de trabalhadores com carteira assinada. Em 2009 a taxa de desemprego que mede a quantidade de pessoas procurando por trabalho foi de 8,3% contra 91,7% dos 101,1 milhões de pessoas da população economicamente ativa.

Além disso, esse crescimento se deve também a fatores que possibilitaram aos trabalhadores com ocupação no mercado conquistassem uma maior estabilidade, como a assinatura na carteira. O número de trabalhadores com carteira assinada aumentou 1,5% entre 2008 e 2009.

Considerando que emprego e investimento são variáveis econômicas que se movimentam conjuntamente, a melhoria do emprego apresentada pela PNAD, se expressa por ampliação moderada do investimento. Essa moderação no investimento é reflexo da elevada taxa de juros que torna o dinheiro mais caro e, portanto, não promove o desenvolvimento da economia. Outro fator importante a considerar é que esse crescimento não acontece de forma homogênea, ou seja, é pontual inclusive geograficamente.

O movimento da economia em sistemas capitalistas acontece de forma cíclica. Assim, é importante que as políticas macroeconômicas adotem medidas anticíclicas para evitar efeitos nocivos à economia como a diminuição na taxa de empregos e, conseqüentemente, aumento na taxa de desemprego.

As limitações impostas pelo sistema capitalista não permitem que apenas a redução das taxas de juros e o aumento nos investimentos bastem para fomentar um desenvolvimento econômico que promova a resolução do desemprego e a melhoria na distribuição da renda no país como um todo, bem como a diminuição do hiato social e tecnológico que produz desequilíbrios.

Referência: IBGE

*Cursando III Semestre de Ciências Econômicas pela Universidade Estadutal do Sudoeste da Bahia - UESB.




2 comentários:

  1. Leandra,
    Texto muito bom. O Brasil vem crescendo e se despontando como referência mundial. Precisamos é claro, buscar um desenvolvimento com sustentabilidade. Sei que este conceito é questionável, mas precisamos olhar para o nosso meio e ver fazermos parte dele e não apenas somos os seus donos. Vamos ver o resultado final do PNAD e distribuir esse crescimento nos diversos setores: Industrial, agricultura, serviços, etc. Já é sugestão pra um próximo texto. Abraços,
    Climério

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  2. Obrigada Climério!
    Espero poder sim escrever o texto conforme sugerido.

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